Ao longo de mais de dois milênios da história papal, a grande maioria dos bispos de Roma exerceu o pontificado até a morte. Porém, alguns papas, por diversos motivos, renunciaram ao ofício antes do falecimento.
Ao todo, 15 papas renunciaram ao longo da história, alguns por livre escolha e outros forçadamente. O mais recente foi o Papa Bento XVI, que livremente renunciou em 2013, sendo o primeiro a fazê-lo desde 1415.
Papas que Renunciaram Voluntariamente
Dos 15 papas renunciantes, pelo menos 9 o fizeram de maneira totalmente voluntária e sem pressões externas. As renúncias voluntárias ocorreram por:
- Desejo de levar vida monástica: Como São Pontiano em 235.
- Idade avançada ou saúde frágil: Como Bento XVI em 2013.
- Evitar cismas: Foi o caso de Gregório VI em 1046.
- Motivos políticos: Como a renúncia de Celestino V em 1294.
Papas Forçados a Renunciar
Em outros casos, estima-se que ao menos 6 papas foram forçados a renunciar de modo involuntário, principalmente por pressões políticas ou rivalidades entre facções:
- João XVIII, deposto pelo imperador Otão III em 1009.
- Bento V, expulso pelo imperador Otão I em 964.
- João XII, deposto por Otão I em 964.
- Marinho I, preso e forçado a renunciar em 946.
Razões para as Renúncias Papais
As principais causas que levaram papas na história a renunciarem foram:
- Idade muito avançada e saúde debilitada.
- Desejo de vida monástica, meditativa ou peregrinação.
- Fugir de cismas, rivalidades e discórdias internas.
- Pressões e ameaças de autoridades seculares.
- Acusações canônicas ou morais contra o papa.
- Incapacidade de enfrentar grandes problemas e crises.
- Motivos políticos e conflitos entre nações e poderes.
- Objetivo de restaurar a unidade e paz na cristandade.
O Caso Excepcional de Bento XVI
O caso mais célebre e recente de renúncia papal foi o de Bento XVI em 2013. Alguns fatores que levaram a essa renúncia excepcional:
- Idade muito avançada (85 anos) e saúde frágil.
- Desejo de dar espaço para um papa com mais vigor físico e mental.
- Cansaço pelos constantes compromissos papais extenuantes.
- Crises internas envolvendo vazamento de documentos.
- Exemplo do Papa Celestino V, que abdicou em 1294.
A decisão de Bento XVI abriu um precedente e mostrou ser possível a transferência pacífica de poder na Igreja por meio de renúncia.
Perguntas Frequentes
1. Qual o papa que mais tempo renunciou?
Bento XVI foi o papa que viveu por mais tempo após sua renúncia, passando quase 10 anos aposentado, de 2013 até sua morte em 2022.
2. Quando foi a primeira renúncia papal?
A primeira renúncia registrada foi a de Pontiano, que abdicou e foi para o exílio em 235 d.C. por perseguição do imperador Maximo.
3. Pode existir mais de um papa vivo?
Sim, quando um papa renuncia, ele mantém o título vitalício de “papa emérito”. Portanto, pode coexistir o papa reinante e o emérito.
4. O que um papa emérito pode ou não pode fazer?
Ele não pode mais participar de nenhuma função papal ou decisão na Igreja. Mas pode continuar estudando, escrevendo, celebrando missas e vestindo as vestes brancas pontifícias.
5. Por que a Igreja demorou tanto para ter outra renúncia papal?
Após as várias renúncias na Idade Média, a tendência foi que os papas perseverassem no cargo até a morte para evitar divisões. A renúncia se tornou algo muito raro e excepcional.
6. Qual papa exerceu o pontificado por mais tempo?
O papa com o maior pontificado foi João Paulo II, que foi papa por 26 anos e 5 meses. O segundo maior foi Pio IX, com 31 anos e 7 meses.
7. E qual foi o papado mais curto da história?
O papado mais breve foi o de Urbano VII, que foi papa por apenas 13 dias, em setembro de 1590.
8. Como uma renúncia papal é formalizada?
O papa emite uma declaração ou bula formalizando sua renúncia. Não é necessária a aprovação de ninguém. A renúncia entra em vigor no momento que é declarada livremente pelo papa.
9. O que acontece se a renúncia for inválida?
Se um papa renunciasse sob pressão inválida ou outra coação, a renúncia seria inválida. Nesse caso, a Igreja consideraria que ele continuaria papa até que pudesse renunciar de livre vontade.
10. Pode haver uma “aposentadoria compulsória” quando o papa fica muito velho?
Não, a renúncia do papa precisa ser totalmente voluntária. Nenhuma autoridade na Igreja tem poder para obrigar um papa a renunciar contra sua vontade por motivos de idade ou saúde.
Conclusão
Ao longo da história, 15 papas renunciaram ao ofício pontifício antes da morte, alguns voluntariamente e outros coagidos. Essa prática rara abre precedentes para transferências pacíficas de poder quando necessário.
A renúncia do Papa Bento XVI em 2013 provavelmente não será um caso isolado nos séculos futuros, especialmente quando a saúde ou idade de um papa se tornar muito delicada para a função.