O Adeus ao Papa Francisco: Uma Perda Profunda para a Igreja Católica e seus Fiéis

O mundo católico se despede de seu líder espiritual com o coração pesado. No dia 21 de abril de 2025, o Papa Francisco, aos 88 anos, faleceu após sofrer um derrame, encerrando um pontificado de 12 anos marcado por reformas e dedicação aos marginalizados.

A Cerimônia de Despedida

Na quarta-feira, 23 de abril, o corpo do Papa Francisco foi levado em procissão solene da Casa Santa Marta para a Basílica de São Pedro, onde permanecerá por três dias para que fiéis possam prestar suas últimas homenagens. A cerimônia começou às 14h (horário do Vietnã), com a participação de cardeais e ao som de cânticos em latim.

Segundo a CNN, o cortejo fúnebre passou pela Praça Santa Marta e pela Praça Protomy Romani, atravessou o Portão dos Sinos e seguiu pela Praça São Pedro antes de entrar na Basílica pela porta principal. Antes da procissão, o Cardeal Kevin Farrell, responsável pela organização do funeral e pelo conclave para eleger o novo papa, celebrou uma missa na capela de Santa Marta com um cântico de esperança.

Após os rituais religiosos na Basílica de São Pedro, o público poderá visitar o corpo do Papa Francisco até às 19h do dia 25 de abril (horário local). O funeral será realizado às 10h do dia 26 de abril (15h pelo horário do Vietnã) na Praça São Pedro, presidido pelo Cardeal Giovanni Battista, de 91 anos, com a participação de patriarcas, cardeais, arcebispos, bispos e sacerdotes de todo o mundo.

Espera-se que dezenas de milhares de pessoas compareçam à cerimônia. De acordo com a Associated Press, o funeral contará com a presença do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de vários outros líderes mundiais em Roma. Autoridades da Itália, França, Alemanha, Reino Unido, Ucrânia e da União Europeia já confirmaram participação.

Um Legado de Simplicidade

Conforme reportado pelo jornal argentino Ambito, citando informações de uma plataforma que avalia o patrimônio de pessoas famosas e influentes, o Papa Francisco deixou apenas US$ 100 em bens após sua morte. O líder da Igreja Católica não aceitou qualquer salário desde que se tornou Papa em março de 2013.

Vale lembrar que o salário médio de um cardeal varia entre US$ 4.700 e US$ 5.900 por mês. Mesmo após ser nomeado cardeal em 2001, Francisco continuou vivendo em um pequeno apartamento e utilizando transporte público como ônibus e metrô, em vez de carros luxuosos com motoristas particulares ou escolta de segurança. Essa escolha refletia seu voto de pobreza como membro da ordem jesuíta.

O Padre dos Pobres

Na memória dos pobres de Buenos Aires, especialmente na maior favela da capital argentina, Villa 21-24, o Papa Francisco, então conhecido como Padre Jorge Mario Bergoglio, será sempre lembrado como o “padre dos pobres”, um pai amoroso que ajudava aqueles à margem da sociedade.

Aida Bogarin, 44 anos, uma moradora de Buenos Aires, disse ao jornal Guardian: “Ele vinha aqui e beijava nossos pés, os pés do nosso povo. Isso era tudo para nós.”

O chef Ramon Cobo, de 60 anos, compartilhou suas memórias: “Na paróquia Virgin of Caacupé no bairro Villa 21-24, ele caminhava por toda a área, ouvindo nossas preocupações, e isso nos ajudava muito. Lembro-me dele comendo aqui. Ele comia chipá, um pão de queijo argentino, e compartilhava mate, um chá tradicional da região sul-americana.”

O Padre Lorenzo De Vedia, conhecido como Padre Toto, que conheceu o Papa Francisco quando ainda era um jovem sacerdote, relatou como o pontífice costumava visitar as favelas: “As pessoas em Villa 21-24 sempre se sentiram marginalizadas, desprezadas e abandonadas. Mas a presença do Papa Francisco e a maneira como ele as tratava trouxe dignidade aos pobres.”

Padre Toto revelou ainda que o Papa Francisco não apenas celebrava missas nas comunidades pobres, mas também permanecia após as cerimônias para ouvir as preocupações dos moradores. “E ele não apenas falava, ele agia”, disse o Padre De Vedia ao Guardian. “Ele lavava e beijava os pés das pessoas.”

O Papa Francisco ajudou a consertar o telhado de um centro esportivo em Buenos Aires após uma tempestade, apoiou famílias de vítimas que morreram em outra tempestade quando o seguro não cobriu os danos, e ajudou dependentes químicos a se recuperarem e se reintegrarem à sociedade.

A Ausência Sentida na Argentina

Apesar de seu forte vínculo e amor pelo povo argentino, o Papa Francisco nunca voltou à sua terra natal desde que se tornou pontífice. Esse fato continua sendo uma mágoa para muitos argentinos até hoje.

Laura Quiroga, 50 anos, da Argentina, disse ao New York Times após participar de uma missa em memória do Papa Francisco no dia 21 de abril: “Para ser honesta, não gostei que ele nunca tenha voltado à Argentina.”

Guillermo Oliveri, secretário de assuntos religiosos do governo argentino por décadas, disse que a questão de por que o Papa Francisco não visitou a Argentina “vale um milhão de dólares”. Especialistas especulam que o motivo pelo qual o pontífice visitou quase 70 países durante seus 12 anos de papado, mas não retornou à Argentina, foi para evitar envolvimento político, apesar dos numerosos convites de vários presidentes e líderes católicos do país sul-americano.

Sebastian Morielli, 37 anos, comentou: “Ele não queria que nenhum presidente vestisse seu manto e orgulhosamente declarasse: ‘Fui eu quem trouxe o Papa aqui’.”

Segundo observadores, outro motivo possível seria o conflito entre o governo argentino e o Papa Francisco desde a época em que ele era arcebispo de Buenos Aires, sobre políticas como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo ou a legalização do aborto em 2020.

No entanto, o próprio Papa Francisco havia revelado que planejava visitar a Argentina durante sua viagem ao Chile e Peru em 2017, mas acabou não conseguindo incluir sua terra natal no roteiro por questões de agenda.

Um Pontificado de Reformas e Compaixão

Durante seus 12 anos como líder da Igreja Católica, o Papa Francisco buscou implementar reformas significativas e mostrou uma compaixão especial pelos mais vulneráveis da sociedade. Seu estilo simples e direto trouxe uma nova abordagem ao papado, enfatizando a misericórdia, o diálogo e a preocupação com o meio ambiente.

Sua encíclica “Laudato Si” sobre a proteção do meio ambiente e sua constante defesa dos refugiados, imigrantes e pobres marcaram profundamente seu pontificado. Francisco também enfrentou questões difíceis dentro da Igreja, como a crise de abusos sexuais, buscando maior transparência e responsabilidade.

O falecimento do Papa Francisco representa não apenas a perda de um líder religioso, mas de uma voz moral que constantemente lembravam ao mundo a importância da compaixão, da justiça social e da dignidade humana.

A Preparação para o Conclave

Com o falecimento do Papa Francisco, o Colégio de Cardeais se prepara agora para um conclave que elegerá o próximo líder da Igreja Católica. Durante este período de transição, os fiéis de todo o mundo se unem em orações tanto pelo descanso eterno do Papa Francisco quanto pela sabedoria divina na escolha de seu sucessor.

A morte do Papa Francisco encerra um capítulo significativo na história da Igreja Católica, mas seu legado de humildade, compaixão e dedicação aos mais necessitados continuará a inspirar fiéis por gerações.

Reflexos Globais

A notícia do falecimento do Papa Francisco repercutiu globalmente, com mensagens de condolências chegando de líderes religiosos e políticos de todas as partes do mundo. O impacto de seu pontificado transcendeu as fronteiras da Igreja Católica, alcançando pessoas de diferentes crenças através de sua mensagem de paz, diálogo inter-religioso e cuidado com a Terra.

Em seus últimos dias, fiéis de diferentes países se reuniram em praças e igrejas para rezar pelo pontífice, demonstrando o carinho e respeito que conquistou ao longo de seu papado. Agora, enquanto seu corpo descansa na Basílica de São Pedro, milhares de peregrinos já começam a chegar a Roma para prestar suas últimas homenagens ao homem que ficou conhecido como “o papa do povo”.

Uma Vida Dedicada aos Outros

Nascido Jorge Mario Bergoglio em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, Francisco foi o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o trono de São Pedro. Antes de se tornar papa, serviu como arcebispo de Buenos Aires, onde já demonstrava seu compromisso com os pobres e marginalizados.

Sua escolha do nome “Francisco” em homenagem a São Francisco de Assis, patrono dos pobres, já sinalizava o tipo de papado que pretendia conduzir: voltado para a simplicidade, o cuidado com os excluídos e com a natureza.

Durante seu pontificado, Francisco abriu as portas do Vaticano para sem-teto, refugiados e pessoas em situação de vulnerabilidade, lavou os pés de prisioneiros e doentes, e constantemente pediu uma Igreja “em saída”, que não tivesse medo de se sujar nas “periferias existenciais” do mundo contemporâneo.

Um Legado para o Futuro

Enquanto a Igreja Católica se prepara para virar esta página de sua história milenar, o legado do Papa Francisco permanece vivo em suas encíclicas, exortações apostólicas e, principalmente, em seu exemplo pessoal de vida. Seu chamado por uma Igreja mais próxima do povo, mais misericordiosa e menos apegada a privilégios, continua a ecoar como um desafio para o futuro da instituição.

No momento em que o mundo enfrenta desafios como mudanças climáticas, guerras, desigualdade social e crises migratórias, a voz profética de Francisco permanecerá como um chamado à ação e à responsabilidade coletiva.

O adeus ao Papa Francisco marca não apenas o fim de um pontificado, mas também um momento de reflexão sobre o papel da fé e da religião em um mundo fragmentado e necessitado de esperança. Seu funeral, que reunirá fiéis e líderes de todo o mundo, será não apenas uma despedida, mas também uma celebração de uma vida dedicada ao serviço e ao amor ao próximo.

Para os católicos e muitos não-católicos ao redor do mundo, a partida do Papa Francisco deixa um vazio, mas também um convite para continuar sua missão de construir pontes, derrubar muros e cuidar dos mais frágeis, seguindo seu lema episcopal: “Miserando atque eligendo” – “Olhou-o com misericórdia e o escolheu”.