O divórcio é uma realidade comum em muitas sociedades hoje. Mas, historicamente, o cristianismo tem tido uma visão mista sobre o divórcio. Esta questão tem sido muito debatida entre cristãos ao longo dos séculos. O que a Bíblia e a tradição cristã dizem sobre o assunto?
O divórcio no Antigo Testamento
A lei mosaica no Antigo Testamento permitia o divórcio em certas situações. Por exemplo, em Deuteronômio 24:1-4, a lei estabelece que um homem pode dar à sua esposa um “libelo de repúdio” se ele “não achar graça aos seus olhos”. Isso indica que o divórcio era aceito sob a antiga lei.
No entanto, alguns profetas do Antigo Testamento denunciaram o abuso do divórcio e enfatizaram a santidade e permanência do matrimônio. Por exemplo, Malaquias 2:16 declara que Deus odeia o divórcio. Portanto, havia diferentes perspectivas sobre o assunto na tradição judaica.
O ensino de Jesus sobre o divórcio
Nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), Jesus proíbe o divórcio, com uma possível exceção em casos de adultério sexual. Por exemplo, em Marcos 10:2-12, quando os fariseus perguntam a Jesus sobre o divórcio, ele responde citando Gênesis 1:27 e 2:24 para enfatizar que o casamento é uma união entre um homem e uma mulher que Deus pretende que seja indissolúvel.
Esse ensino é reiterado em Mateus 5:32, Lucas 16:18 e em outros lugares. Portanto, Jesus retoma a ênfase do Antigo Testamento sobre a permanência do matrimônio. O divórcio só é permitido em casos extremos.
O divórcio nas cartas de Paulo
Paulo permite o divórcio em certas situações. Em 1 Coríntios 7:15, ele permite o divórcio se um cônjuge não-crente (incrédulo) abandonar o cônjuge crente. Nesse caso, o crente está livre. Embora deva buscar a reconciliação quando possível, o abandono dissolve o casamento.
Paulo também aconselha aos cristãos a não se casarem (1 Coríntios 7:8). Ele vê o celibato como um chamado especial que permite maior dedicação a Deus. Portanto, embora não promova o divórcio, Paulo vê situações em que ele é permitido ou preferível ao casamento.
Perspectivas históricas sobre o divórcio
Nos primeiros séculos, a Igreja proibia tanto o divórcio quanto novo casamento após o divórcio. Essa visão rígida prevaleceu por muitos séculos. Mas a partir da Reforma no século XVI, algumas igrejas protestantes passaram a permitir o divórcio e novo casamento em certos casos, com base em passagens como 1 Coríntios 7.
Hoje, há três visões principais entre cristãos:
- Católicos e alguns protestantes proíbem o divórcio e novo casamento.
- Ortodoxos permitem o divórcio, mas não novo casamento.
- Muitos protestantes permitem ambos em situações como adultério, abandono e abuso.
Há também cristãos que rejeitam completamente o divórcio em qualquer situação.
Considerações pastorais
A maioria dos cristãos concorda que o divórcio deve ser evitado sempre que possível. Deve-se buscar a reconciliação e a restauração dos relacionamentos. No entanto, em situações como adultério repetido, abuso físico ou emocional, ou abandono, o divórcio pode ser a opção menos prejudicial.
A igreja deve oferecer aconselhamento, apoio e graça às pessoas divorciadas. Elas não devem ser excluídas. Deus pode redesenhar vidas e curar mesmo os relacionamentos mais quebrados. Os divorciados precisam de amor, aceitação e comunidade.
Conclusão
A visão cristã sobre o divórcio tem variado ao longo da história e em diferentes tradições. Mas a maioria concorda que o ideal é a permanência e santidade do matrimônio. O divórcio deve ser evitado, se possível, embora possa ser permitido em certos casos graves. Acima de tudo, os cristãos divorciados precisam de amor, graça e apoio da igreja.
O que a Bíblia diz sobre o divórcio?
Passagens-chave incluem Deuteronômio 24:1-4, Malaquias 2:16, Mateus 5:32, 19:9, Marcos 10:2-12, Lucas 16:18 e 1 Coríntios 7. Essas passagens revelam uma tensão entre idealizar a permanência do casamento e permitir o divórcio em alguns casos.
Jesus proibiu o divórcio completamente?
Não. Embora Jesus enfatize fortemente a permanência do casamento, Mateus 19:9 e 5:32 contêm uma “cláusula de exceção” permitindo o divórcio em casos de adultério sexual.
Quando os cristãos podem se divorciar?
Perspectivas variam. Alguns proíbem totalmente. Outros permitem em casos como: adultério repetido, abandono pelo cônjuge incrédulo, abuso físico/emocional, conluio para causar dano, etc.
Um cristão divorciado pode se casar novamente?
Novamente, as opiniões variam. Alguns dizem nunca, alguns dizem apenas em certos casos, alguns permitem livremente em situações como abandono ou adultério. 1 Coríntios 7:15 é uma passagem-chave.
Como deveriam os pastores aconselhar casais com problemas no casamento?
Devem enfatizar arduamente a reconciliação e restauração sempre que possível. O divórcio deve ser um último recurso. Aconselhamento profissional e intervenção da igreja podem ajudar.
Como a igreja deve tratar membros divorciados ou divorciados e recasados?
Com amor, graça e aceitação, não discriminação. Eles não devem ser excluídos da comunhão. A igreja deve oferecer cura, perdão e restauração.
O que a Bíblia diz sobre casar com alguém divorciado?
Algumas passagens desencorajam isso (Mt 5:32, 19:9; Lc 16:18), mas não proíbem explicitamente. Princípios-chave são evitar a promiscuidade, buscar a reconciliação quando possível e discernir a vontade de Deus caso a caso.
Como o divórcio afeta filhos e famílias?
O divórcio quase sempre é doloroso para filhos. A igreja deve oferecer apoio, aconselhamento e cuidado para as famílias afetadas. Os pais devem priorizar as necessidades emocionais e espirituais dos filhos.
O que causa divórcio em casamentos cristãos?
Razões comuns incluem infidelidade, problemas de comunicação, diferenças irreconciliáveis, problemas financeiros, abuso, interferência de terceiros, mudanças de valores, problemas não resolvidos, etc.
O que a Bíblia diz sobre separação?
Em certos casos, uma separação temporária pode ser apropriada para buscar cura e eventual reconciliação. Mas a separação indefinida é desencorajada (1 Co 7:10-11). O objetivo final deve ser a restauração ou o divórcio.