Você pode recusar-se a se tornar papa?

O papa é o líder da Igreja Católica e, desde 1929, também é o chefe do menor estado soberano do mundo, o Vaticano. Tecnicamente, os únicos requisitos para se tornar papa são que você seja homem e católico praticante. No entanto, desde o Papa Urbano em 1378, nenhum papa foi eleito fora do Colégio dos Cardeais. Para se tornar papa, comece por se tornar padre e trabalhe o seu caminho até a hierarquia católica até ser eleito pelos seus pares. Tenha em mente que é essencial acreditar plenamente na fé católica. Esta não é apenas uma profissão, mas mais uma vocação.

Mas e se você for eleito papa e não quiser aceitar esse cargo? Você pode recusar-se a ser o sucessor de São Pedro? A resposta é sim. De acordo com a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, promulgada pelo Papa João Paulo II em 1996, que regula o processo de eleição papal, o candidato eleito deve ser perguntado: “Aceita a sua eleição canônica como Sumo Pontífice?” (nº 87). Se ele responder afirmativamente, ele se torna imediatamente o novo papa. Se ele responder negativamente, ou permanecer em silêncio, a eleição é considerada nula e sem efeito, e os cardeais devem proceder a uma nova votação.

Há alguns exemplos históricos de candidatos que recusaram a eleição papal. Um deles foi o cardeal Giovanni Colonna, que foi eleito papa em 1271, após um longo conclave que durou quase três anos. Ele recusou o cargo por humildade e por lealdade ao seu amigo e rival político, o cardeal Giovanni Gaetano Orsini, que mais tarde se tornaria o Papa Nicolau III. Outro caso foi o do cardeal Robert Bellarmino, um renomado teólogo e doutor da Igreja, que foi eleito papa em 1621, após a morte do Papa Paulo V. Ele recusou a honra por motivos de saúde e de idade avançada, e sugeriu que os cardeais elegessem o cardeal Maffeo Barberini, que se tornou o Papa Urbano VIII.

No entanto, recusar a eleição papal não é uma decisão fácil nem comum. A maioria dos candidatos aceita a vontade de Deus e dos cardeais, mesmo que se sintam indignos ou incapazes de assumir essa enorme responsabilidade. Alguns papas hesitaram antes de dar o seu consentimento, como o Papa Celestino V, que foi eleito em 1294 após uma vida de eremita, e que renunciou cinco meses depois; o Papa Gregório X, que foi eleito em 1271 enquanto estava em uma cruzada na Terra Santa; e o Papa Bento XVI, que foi eleito em 2005 aos 78 anos de idade.

Ser papa é um serviço à Igreja e ao mundo, mas também implica sacrifícios e desafios. O papa deve ser multilíngue, pois tem que se comunicar com pessoas de diferentes países e culturas. O papa deve estar disposto a renunciar aos seus bens materiais e à sua vida privada, pois tudo o que precisa ou deseja é providenciado para ele. O papa deve estar preparado para enfrentar as críticas e as oposições, tanto dentro como fora da Igreja. O papa deve ter uma fé forte e uma vida de oração constante, pois é o vigário de Cristo na terra.

Portanto, se você for católico, homem e bispo (ou disposto a ser ordenado bispo), você pode ser elegível para se tornar papa. Mas se você for eleito e não quiser aceitar esse papel, você pode recusar-se a ser papa. No entanto, lembre-se de que esta é uma decisão séria e rara, que deve ser tomada com discernimento e oração.

Perguntas frequentes

1. Quem elege o papa?

O papa é eleito pelo Colégio dos Cardeais, que é composto por todos os cardeais da Igreja Católica que tenham menos de 80 anos de idade. O Colégio dos Cardeais se reúne em uma assembleia secreta chamada conclave, que ocorre na Capela Sistina, no Vaticano. Os cardeais devem votar até que um candidato obtenha pelo menos dois terços dos votos.

2. Quanto tempo dura o conclave?

Não há um tempo fixo para a duração do conclave. Depende de quantos candidatos há, de quão unidos ou divididos estão os cardeais, e de quão rápido eles chegam a um consenso. O conclave mais longo da história durou quase três anos, de 1268 a 1271, e terminou com a eleição do Papa Gregório X. O conclave mais curto da história durou apenas algumas horas, em 1503, e terminou com a eleição do Papa Júlio II.

3. Como se sabe que um novo papa foi eleito?

Quando um novo papa é eleito, o cardeal protodiácono (o cardeal diácono mais antigo) anuncia ao povo reunido na Praça de São Pedro: “Habemus Papam!” (Temos um papa!). Em seguida, o novo papa aparece na varanda central da Basílica de São Pedro e dá a sua primeira bênção “Urbi et Orbi” (À cidade e ao mundo).

4. Como o papa escolhe o seu nome?

O papa escolhe o seu nome em homenagem a um santo, a um predecessor ou a um princípio que ele quer enfatizar no seu pontificado. Por exemplo, o Papa Francisco escolheu o seu nome em honra de São Francisco de Assis, o santo da pobreza e da paz. O Papa Bento XVI escolheu o seu nome em honra de São Bento, o pai do monaquismo ocidental, e do Papa Bento XV, que trabalhou pela paz durante a Primeira Guerra Mundial.

5. O que acontece se o papa morre ou renuncia?

Se o papa morre ou renuncia, a sede de São Pedro fica vacante e inicia-se o período chamado “sede vacante”. Durante este tempo, o governo da Igreja é assumido pelo Colégio dos Cardeais, que deve preparar o conclave para eleger o novo papa. O cardeal camerlengo (o administrador dos bens e direitos temporais da Santa Sé) verifica a morte do papa e sela o seu apartamento. O anel do Pescador e o selo papal são destruídos. O decano do Colégio dos Cardeais convoca os cardeais para o conclave.

6. O que significa ser infalível?

Ser infalível significa estar livre de erro quando se define uma doutrina sobre fé ou moral. A infalibilidade papal é um dogma da Igreja Católica que afirma que o papa, quando fala “ex cathedra” (da cadeira de São Pedro), goza da assistência especial do Espírito Santo que o preserva de errar. A infalibilidade papal não significa que o papa seja perfeito ou impecável em tudo o que diz ou faz.

7. O que é a tiara papal?

A tiara papal é uma coroa tripla usada pelos papas como símbolo da sua autoridade espiritual, temporal e jurisdicional. A tiara papal foi usada pela primeira vez no século VIII pelo Papa Constantino e foi usada pela última vez em 1963 pelo Papa Paulo VI. Desde então, os papas têm preferido usar uma mitra simples (um chapéu pontudo usado pelos bispos) nas cerimônias litúrgicas.

8. O que é a guarda suíça?

A guarda suíça é o corpo militar encarregado de proteger o papa e o Vaticano. A guarda suíça foi fundada em 1506 pelo Papa Júlio II e é composta por cerca de 100 soldados voluntários que devem ser católicos, suíços, solteiros e ter entre 19 e 30 anos de idade. A guarda suíça usa um uniforme colorido inspirado no Renascimento e está armada