Embora raro, existe a possibilidade do pontífice sofrer algum problema grave de saúde, como entrar em coma. Nesses casos, que procedimentos seriam adotados segundo as leis da Igreja?
Veja a seguir o que se sabe sobre o que aconteceria se o Papa ficasse totalmente incapacitado em decorrência de um coma ou estado vegetativo.
Sucessão pontifícia
Se o Papa estiver em coma por um período prolongado sem esperança de recuperação, é provável que renuncie ao pontificado ou os cardeais convoquem um conclave papal extraordinário para eleger um sucessor.
Isso porque a Igreja precisa de um líder em exercício pleno de suas faculdades mentais e físicas para guiar os fiéis e tomar decisões. Um Papa em coma não poderia cumprir suas responsabilidades.
Interregno
Até que um novo Papa seja escolhido, a Igreja entra em um período chamado “sede vacante” ou interregno, quando a Santa Sé está vaga. A Cúria Romana assume a administração provisória dos assuntos do Vaticano neste período.
Mas nenhuma mudança doutrinária ou decisão importante é tomada até a eleição do próximo pontífice.
Administração apostólica
Caso o Papa não possa expressar sua vontade, como em um coma, o Colégio dos Cardeais tem autoridade para governar a Igreja em seu nome.
Eles podem tomar decisões administrativas urgentes após consultar médicos e constatar que o Papa não tem capacidade de escolher e se comunicar livremente.
Precedentes históricos
A renúncia papal por motivos de saúde tem precedentes históricos. Um caso famoso foi o de Papa João Paulo II, que continuou no cargo mesmo com Mal de Parkinson já avançado.
Mas se ele ficasse totalmente incapacitado, os procedimentos previstos provavelmente seriam adotados pelos cardeais para convocar um conclave de emergência.
Posição da Igreja sobre coma
A Igreja Católica se opõe à eutanásia e suicide assistido. Portanto, os tratamentos para sustentar as funções vitais do Papa provavelmente seriam mantidos, mesmo em coma prolongado.
Contudo, o uso de aparelhos extraordinários pode ser suspenso se constatada morte cerebral completa. Nesse caso, o falecimento do pontífice seria declarado.
Cerimônias fúnebres
Caso o estado de coma do Papa se confirme irreversível até sua morte, todas as cerimônias fúnebres tradicionais seriam realizadas, como exposição do corpo na Basílica de São Pedro, antes do sepultamento nas catacumbas.
Em caso de morte cerebral, os ritos também seriam os mesmos de um falecimento normal. O Papa receberia um funeral de Estado como chefe do Vaticano.
Precedentes de renúncia
Ao longo da história, alguns Papas renunciaram voluntariamente ao cargo antes de falecer por causa de graves problemas de saúde, para permitir a sucessão.
Um caso relativamente recente foi o do Papa Bento XVI em 2013, que citou falta de forças físicas e mentais como motivo de sua renúncia.
Reformas canônicas
Após os casos de Papa João Paulo II e Bento XVI, surgiram discussões sobre a possibilidade de novas reformas canônicas para regulamentar melhor o processo de renúncia papal por motivos de saúde.
Mas ainda não houve mudanças concretas nas leis e ritos da Igreja relacionados à sucessão pontifícia e scenarios de incapacitação mental ou física do Papa.
Perguntas frequentes
O Papa pode sofrer eutanásia em caso de coma irreversível?
Não. A Igreja Católica se opõe terminantemente à eutanásia, portanto esse procedimento não seria uma opção no caso do Papa.
Quem governa a Igreja se o Papa estiver em coma por meses?
Provisoriamente o Colégio dos Cardeais governa em nome do Papa incapacitado. Mas logo um conclave seria convocado para eleger um novo pontífice apto a liderar.
O coma do Papa precisaria ser confirmado por quantos médicos?
Provavelmente uma junta médica do Vaticano com vários especialistas seria convocada para atestar de forma colegiada o estado de coma do Papa.
O Papa em coma ainda é considerado infalível?
Não. O dogma da infalibilidade papal só se aplica a declarações em pleno uso das faculdades mentais. Um Papa em coma não teria capacidade para pronunciamentos infalíveis.
Quem assumiria o governo do Vaticano se o Papa estivesse em coma?
O Cardeal Camerlengo assumiria provisoriamente a administração do Vaticano junto com a Cúria Romana até a eleição do próximo Papa.
Haveria perigo de cisma caso o Papa ficasse em coma por anos?
Sim, existe a possibilidade remota de alguns setores da Igreja se rebelarem e eleger um “Papa paralelo” se a situação de incerteza se prolongar por muitos anos sem resolução.
O Papa poderia ser desligado dos aparelhos médicos?
Sim, se diagnosticada morte cerebral total. Nesse caso, os tratamentos extraordinários de sustentação da vida poderiam ser suspensos segundo a doutrina católica.
O Papa em coma ainda reside no Vaticano?
Sim. A menos que necessite internação hospitalar, o Papa permaneceria em seus aposentos no Vaticano sob cuidados médicos, mesmo em estado vegetativo.
Quem decidiu não divulgar o coma do Papa João Paulo II em 1981?
Acredita-se que o Cardeal Agostino Casaroli, Secretário de Estado do Vaticano na época, tenha decidido inicialmente ocultar o coma do Papa por alguns dias após o atentado.
O corpo do Papa em coma precisa permanecer no Vaticano?
Sim. Por tradição e questões diplomáticas, o corpo do Papa após falecer permanece no Vaticano até o funeral de Estado, mesmo que ele venha a morrer em hospital fora do Vaticano.
