É Possível se Tornar Padre sem Ser Virgem?

Na Igreja Católica, embora a virgindade seja valorizada, não é absolutamente obrigatória para aqueles que desejam se tornar sacerdotes. Homens que tenham tido experiências sexuais no passado, se devidamente arrependidos e comprometidos, podem ser aceitos para o sacerdócio.

A orientação atual da Igreja é que a história sexual pregressa de um candidato ao sacerdócio seja levada em consideração, mas não é automaticamente desqualificante se o candidato cumprir certos requisitos.

Mudanças de Orientação

Antigamente, especialmente em séculos passados, esperava-se que os padres fossem virginais ou celibatários ao entrar para o seminário. Porém, a partir do século 20 essa expectativa se tornou mais flexível em muitos casos.

Em 1961, um documento papal abriu a possibilidade de dispensas da virgindade em alguns casos para o sacerdócio. Em 2017, o Vaticano reiterou que a virgindade não deve ser exigida de forma rígida e automaticamente.

Requisitos Atuais

Segundo as diretrizes atuais da Igreja, um candidato ao sacerdócio com histórico sexual ativo deve:

  • Ter cessado tais atividades há pelo menos 3 anos.
  • Ter se arrependido sinceramente e feito um sério caminho de conversão.
  • Não ter tendências contra a castidade.
  • Comprometer-se a viver celibatariamente.
  • Possuir adequada maturidade psicossexual.

Exceções e Discernimento

A admissão final ainda depende do discernimento do bispo e superiores quanto à sinceridade do candidato e seu compromisso autêntico com a castidade sacerdotal.

Experiências pregressas não devem ser a única razão para a recusa automática às ordens, mas precisam ser avaliadas prudente e individualmente.

Argumentos da Igreja para aceitar Candidatos não Virgens

Alguns argumentos dados pela Igreja para explicar a aceitação de candidatos sexualmente ativos no passado:

  • Todos são pecadores e precisam de misericórdia e chance de conversão.
  • Recusar invariavelmente tais candidatos seria rigorismo excessivo.
  • O ministério precisa de sacerdotes, e candidatos idôneos não devem ser descartados.
  • Uma vez convertidos e comprometidos, podem se tornar bons padres.
  • Deus pode se servir inclusive de um passado pecaminoso para fins maiores.
  • O celibato futuro exige maturidade e não necessariamente histórico virginal.

Visões Contrárias dentro da Igreja

Ainda existem setores dentro da Igreja que veem riscos nessa abertura, argumentando que:

  • O sacerdócio exige o estado de graça desde o início.
  • Uma história sexual ativa pode conduzir a relaxamento da disciplina celibatária.
  • Pode dar mau exemplo de comportamento moral aos fiéis.
  • Homens virgens devem ter preferência nos processos de admissão.
  • Pecados sexuais têm consequências duradouras mesmo após o arrependimento.

Portanto, opiniões divergentes sobre o tema ainda existem e geram discussões dentro da comunidade católica.

Perguntas Frequentes

1. E se o candidato tiver um filho? Ele poderia ser aceito?

Cada caso é analisado individualmente. Mas ter um filho não impede necessariamente a ordenação, desde que assuma a responsabilidade paternal e os demais requisitos sejam cumpridos.

2. E relacionamentos homossexuais prévios, desqualificam?

Atividade homossexual prévia requer ainda maior discernimento, mas também não desqualifica se a pessoa demonstrar conversão, arrependimento e compromisso autêntico com a castidade futura.

3. Existe idade limite para ter histórico sexual e ainda ser aceito?

Não há uma idade precisa, mas experiências recentes ou na fase adulta próxima à admissão ao seminário sinalizam imaturidade e são mais preocupantes do que falhas da juventude.

4. Quanto tempo leva para a dispensa ser concedida após o arrependimento?

Geralmente ao menos 3 anos de celibato e conversão são requeridos antes que a dispensa da virgindade prévia possa ser obtida junto à Santa Sé para ordenação como padre.

5. A família do candidato também é investigada?

Sim, o histórico familiar também é levado em conta, considerando que influências e exemplo dos pais podem impactar a formação do candidato para o celibato. Mas nenhum fator isolado é decisivo.

6. E se o candidato tiver algum filho não assumido publicamente?

Esconder a existência de um filho é considerado muito grave, pois denota irresponsabilidade. Nesses casos, a admissão ao seminário é bem menos provável até que haja reparação e maturidade comprovada.

7. Padres podem aconselhar candidatos nessa situação?

Sim. São recomendados acompanhamento espiritual, direção de consciência e confissão frequente para candidatos com histórico sexual, visando sua conversão, amadurecimento e eventual aceitação às ordens.

8. Aceitar candidatos não virgens não estimula mais pessoas nessa situação a tentar o sacerdócio?

Essa é uma preocupação de alguns, por isso os padrões para admissão devem ser rigorosos. Mas a vocação sacerdotal deve ser discernida com seriedade, e não tomada levianamente mesmo por candidatos com histórico de pecados sexuais.

9. Algum papa ou cônjuge de papa já entrou para o seminário ou vida religiosa após enviuvamento?

Sim, alguns papas como Adrian II e algumas esposas de papas dos primeiros séculos tornaram-se clérigos ou entraram em mosteiros após ficarem viúvos.

10. A exigência de celibato e virgindade continua igual para freiras e monges?

Não necessariamente, depende da ordem religiosa. Algumas são mais flexíveis, outras exigem estrita virgindade prévia. Mas os votos de castidade após a admissão permanecem universais.

Conclusão

Portanto, apesar da valorização da virgindade, a Igreja Católica entende atualmente que experiências sexuais prévias não impedem necessariamente a ordenação sacerdotal, desde que o candidato demonstre arrependimento, conversão e compromisso autêntico com sua vocação e o celibato.

Contudo, o discernimento deve ser cuidadoso e levar em conta fatores como o tempo de celibato já vivido, a maturidade do candidato, suas motivações e sua aceitação sincera dos ensinamentos morais católicos.